Portugal consolidou a sua posição como um dos destinos turísticos mais premiados do mundo, com prémios e distinções que reconhecem a sua oferta turística abrangente, fruto do trabalho desenvolvido, sobretudo, ao longo da última década.
O investimento no turismo, nomeadamente em infraestruturas, promoção internacional e capacitação de profissionais do setor, funcionou como uma força motriz para o que estamos a viver na atualidade. Nos últimos anos, Portugal dedicou recursos substanciais para promover e aprimorar a sua oferta turística, resultando num aumento significativo de visitantes que exploram o país, de norte a sul, em busca de experiências autênticas.
Esta situação resultou também numa maior exigência por experiências gastronómicas de qualidade, incentivando hotéis e restaurantes a melhorarem as suas ofertas.
Se por um lado, o setor público tem desempenhado um papel fundamental ao investir em infraestruturas turísticas, promoção internacional, desenvolvimento de programas de apoio ao turismo gastronómico, estratégias de marketing inovadoras para destacar a diversidade e a autenticidade da marca Portugal, por outro, o setor privado também tem contribuído significativamente para o crescimento do turismo gastronómico no nosso país. Empresas e restaurantes têm investido em novos conceitos, espaços, tecnologias e experiências para corresponder às exigências de um mercado cada vez mais fugaz e exigente.
Adicionalmente, o aumento de turistas tem proporcionado um impulso vital ao setor da restauração, no estímulo para a inovação, incentivando os chefs a procurar a excelência. Essa visibilidade global tem sido fundamental para promover a diversidade e a qualidade da culinária portuguesa, impulsionando ainda mais o crescimento do setor.
Ao longo dos anos, a cena gastronómica em Portugal tem passado por uma notável evolução. Concursos como o Chefe Cozinheiro do Ano e o Jovem Talento da Gastronomia, com mais de três décadas, têm catapultado novos nomes para a ribalta. Novos talentos emergem, chefs consolidados continuam a inovar, e restaurantes portugueses ganham destaque tanto a nível nacional quanto internacional. Essa evolução resulta num aumento da qualidade e diversidade da oferta gastronómica, o que subsequentemente se traduz em maior reconhecimento, ou seja, prémios.
Nesse contexto, as Estrelas Michelin têm desempenhado um papel vital, elevando a gastronomia portuguesa a novos patamares de excelência e reconhecimento internacionais. Desde 2015, o número de estrelas MICHELIN atribuídas a restaurantes em Portugal mais que dobrou, refletindo não apenas a qualidade crescente da culinária do país, mas também o compromisso incessante dos chefs em surpreender e encantar os comensais mais exigentes.
Numa análise comparativa, é interessante observar a evolução do cenário gastronómico português nos últimos anos. Em 2015, o prestigiado Guia MICHELIN concedeu ao país um total de 17 estrelas, com três restaurantes premiados com duas estrelas e onze distinguidos com uma estrela. No entanto, este ano, Portugal alcançou um total de 39 estrelas, com oito restaurantes galardoados com duas estrelas e trinta e um restaurantes reconhecidos com uma estrela.
Em novembro de 2018, a MICHELIN comemorou o seu 10º aniversário com uma cerimónia no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, pela primeira vez em território nacional, mantendo-se a edição conjunta Portugal e Espanha. Todavia, a novidade de 2024 é que finalmente a gala MICHELIN foi dedicada exclusivamente ao nosso país.
A atribuição de Estrelas MICHELIN a restaurantes é baseada na qualidade dos ingredientes utilizados, no ponto dos cozinhados, nas técnicas culinárias, na harmonia dos sabores, na personalidade da cozinha expressa nos pratos, na consistência tanto em todo o menu como entre as diferentes visitas, ou seja, consistência ao longo do tempo.
À medida que mais restaurantes portugueses ganham estrelas MICHELIN, a visibilidade e a reputação da gastronomia portuguesa como um todo aumentam. Por conseguinte, atrai mais investimentos e talentos para o setor, criando um ciclo de crescimento e excelência gastronómica.
Em resumo, o aumento do número de estrelas MICHELIN atribuídas a Portugal ao longo dos anos é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a evolução da cena gastronómica, investimentos no turismo, reconhecimento internacional e um crescente interesse na gastronomia portuguesa.
No entanto, à medida que olhamos para o futuro do setor, é importante não esquecer o adormecido setor primário, em particular a agricultura. Este setor desempenha um papel fundamental na produção dos ingredientes frescos e de alta qualidade que são a base da gastronomia portuguesa.
A ligação estreita entre a restauração e os produtores locais tem sido fundamental para garantir a qualidade e a autenticidade dos ingredientes utilizados na culinária nacional. Ao valorizar os produtos locais e promover práticas agrícolas sustentáveis, estamos a enriquecer a experiência gastronómica, mas também a proteger o meio ambiente e a apoiar as comunidades rurais.
À medida que avançamos, é imperativo continuar a promover uma abordagem sustentável à agricultura, garantindo não apenas a qualidade dos ingredientes, mas também a preservação do meio ambiente e a equidade social. Portanto, é essencial que continuemos a investir na modernização e na sustentabilidade deste setor, garantindo assim o abastecimento constante de produtos de excelência para os chefs e restaurantes do país.
Mas, é no futuro que vislumbro as perspetivas mais emocionantes. A gastronomia portuguesa continuará a evoluir, abraçando a inovação, a sustentabilidade e a inclusão. Espero ver uma maior valorização dos produtos locais, uma ênfase renovada na sustentabilidade ambiental e social, e uma celebração contínua da diversidade cultural que torna a gastronomia portuguesa verdadeiramente única.
Que continuemos a trabalhar juntos para promover, celebrar e preservar essa herança culinária tão preciosa, garantindo que as gerações futuras possam desfrutar dos sabores e das experiências que nos enchem de orgulho hoje.