Posted at Thursday, 5 June 2025 08:06

O Grupo Vila Galé inaugurou este sábado, 24 de maio, o seu primeiro hotel no estado de Minas Gerais, o Vila Galé Collection Ouro Preto. Localizado no distrito de Cachoeira do Campo, o novo resort representa um investimento de 18,6 milhões de euros e é a 12.ª unidade da marca portuguesa no Brasil.

A cerimónia de inauguração serviu também para anunciar um segundo investimento no estado: a construção de um novo hotel em Brumadinho, junto ao Instituto Inhotim. O projecto, que resulta da assinatura de um termo de compromisso com a prefeitura local, envolve um investimento superior a 130 milhões de reais e prevê a criação de 300 empregos directos. A nova unidade terá 308 quartos e estima-se que a construção se inicie em 2026.

Durante a conferência de imprensa, Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo, destacou a importância simbólica e afectiva do projecto de Ouro Preto. “Eu devo confessar que nós, na Vila Galé, fazemos estas coisas por prazer. Há muita gente que diz que faz por sacrifício. Nós não fazemos nada por sacrifício. Dá muito prazer. Esse prazer é redobrado quando vamos trazer de volta à vida um edifício histórico, com muita história”, afirmou.

A nova unidade aposta na recuperação de um edifício histórico no distrito de Cachoeira do Campo, onde funcionou, em 1775, o primeiro Regimento de Cavalaria de Portugal no Brasil, e, mais tarde, o colégio salesiano Dom Bosco. “Se as pessoas todas soubessem do tremendo prazer que dá renovar património histórico, eu acho que é um dever nosso, todos nós. Eu costumo dizer que uma cidade que não recupera o seu património histórico é uma cidade sem alma. E se houvesse gente que percebesse o presente tremendo que é recuperar património, teríamos muitos mais investidores a fazê-lo”, sublinhou.

Com 311 quartos, o Vila Galé Collection Ouro Preto começou por ser pensado como um hotel de pequena escala, mas acabou por crescer significativamente. “Este hotel foi uma aposta forte, é um investimento que pensámos em fazer com cerca de 60 ou 70 quartos. e chegámos hoje a 310 quartos”, disse o presidente da cadeia. “Vai ter uma área fortíssima para eventos. Temos um salão com capacidade para mil pessoas. Vamos ter um auditório para cerca de 200 pessoas, um teatro onde vai haver espectáculos, onde vai haver cultura.”

O crescimento do grupo no Brasil é contínuo. Com mais de duas décadas de presença no país, a Vila Galé conta hoje com cerca de 11 mil camas distribuídas por doze unidades. Jorge Rebelo de Almeida mostrou-se confiante no futuro do turismo brasileiro, mas alertou para desafios estruturais: “O Brasil tem um potencial com poucos países no mundo para ter um crescimento turístico tremendo. Mas não tem tido correspondência com o número de visitantes, porque não temos apostado na captação de transporte aéreo.”

O responsável frisou a dimensão do mercado interno brasileiro, mas defendeu um esforço maior para atrair visitantes internacionais. “Este é um país com 210 milhões de pessoas, tem um mercado interno tremendo, mas falta melhorar as malhas aéreas e embaratecer o transporte. Temos que ir buscar turistas lá fora, porque é difícil que eles venham sem condições. O Brasil está longe, e isso é um desafio em relação, por exemplo, a Portugal”, afirmou. “Portugal, que é do tamanho de Santa Catarina, recebe 27 milhões de turistas. O Brasil recebe 6,5 milhões. Não faz sentido, nem dá para acreditar.”

No final da intervenção, Jorge Rebelo de Almeida recordou que o interesse da Vila Galé por Minas Gerais começou com a visita a Inhotim. “Foi o primeiro atrativo que nos trouxe. Depois não deu muito certo porque a administração não correu bem, mas agora estamos de novo em conversações. Tivemos hoje uma reunião que correu bem. Vale a pena insistir, porque também é um lugar mágico — como Minas tem muitos outros.”

Novos hotéis no Brasil e em Cuba

Durante a conferência, Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé, fez o ponto de situação dos futuros projetos da rede e destacou a importância crescente do mercado português no Brasil.

“Os portugueses estão, outra vez, a descobrir o Brasil. Vimos pelos números deste ano o crescimento dos portugueses ao longo dos diferentes meses. Os portugueses estavam excessivamente concentrados a viajar no período final do ano, no Réveillon, depois vinham na Páscoa e depois alguns no mês de agosto, que é o mês forte das férias portuguesas. E o que estamos a sentir é que há um alargamento.”

“Há a TAP também a abrir novas cidades e novos destinos, e isso potencia o interesse por descobrir outras regiões do Brasil. Também aqui, obviamente, fazemos um autoelogio, porque a marca Vila Galé é muito presente no mercado português. Nós continuamos a ter como principal cliente dos hotéis em Portugal os próprios clientes portugueses. Quarenta por cento dos clientes dos nossos hotéis em Portugal são portugueses. Temos uma base de dados de meio milhão de portugueses que frequentam regularmente os nossos hotéis, e obviamente também conseguimos fazer um trabalho de promoção do destino Brasil, e com isso trazer mais portugueses para cá.”

“Parte desta estratégia passa por vender o Brasil em todas as suas valências. Ou seja, vender um Brasil que não assenta só no sol e na praia dos resorts do Nordeste. E aí há um trabalho que nós podemos ajudar enquanto empresa — e é o que estamos a fazer ao abrir hotéis como este em Minas Gerais — e, no fundo, romper aquela imagem do Brasil só de sol e praia.”

Sobre os próximos investimentos, adiantou: “Em outubro vamos concluir o hotel em Belém do Pará. Entretanto, temos de arrancar com as obras — os que estão mais próximos de arrancar são os de Vila Galé Coruripe Alagoas e Vila Galé Collection Maranhão. Portanto, é previsível que estes dois ainda arranquem com as obras este ano. E tivemos todos aqui a novidade de que provavelmente ainda se consegue avançar também com o hotel em Brumadinho.”

“Do ponto de vista de inaugurações com data já agendada, temos o do Pará, para outubro, e portanto vai acompanhar dois eventos importantes que acontecem nesse período — a COP30. Os outros dois nós só conseguimos verdadeiramente avançar com datas depois de termos todas as aprovações e começarmos a construção.”

A estes hotéis, há que acrescentar ainda o recente anúncio do mais três hotéis em Cuba a abrir em julho — em Havana, em Varadero e em Cayo Santa Maria.”

Em relação à faturação, sublinhou a importância crescente do Brasil no grupo:
“Nós continuamos a investir nos dois países, mas o investimento que temos feito no Brasil é em hotéis de maior dimensão. Também temos cinco projetos em carteira para Portugal, quase todos em cidades do interior, mas são tudo hotéis — esses sim — boutique, de 60 ou 70 quartos.”

“Estamos a comparar abrir hotéis de 60 ou 70 quartos com hotéis de 300, 400 ou 500. E, portanto, o número de hotéis em Portugal vai continuar a ser bastante maior, mas os hotéis do Brasil são de grande dimensão. E, se neste momento temos uma divisão em que cerca de 40 e poucos por cento da faturação do grupo vem do Brasil, é provável que, daqui a dois anos, o Brasil represente já metade do total da faturação da Vila Galé.”

O evento de inauguração do Vila Galé Collection Ouro Preto contou com cerca de 500 convidados e a presença de altas figuras do Estado de Minas Gerais, incluindo o governador Romeu Zema e o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira.

Durante a conferência de imprensa, o governador sublinhou o papel estratégico do turismo e da captação de investimentos para o desenvolvimento do estado: “A prioridade é a atração de investimentos em todos os ramos de atividade. Não existe ramo que é mal-vindo aqui. Mal-vindo é aquele que não acompanha, não obedece à legislação. E o turismo é um dos mais bem-vindos, porque quando faz o investimento, está a divulgar o estado, está a levar o nome de Minas longe.” Recordando que este é o “primeiro resort a abrir nos últimos 30 anos em Minas Gerais”, o governador manifestou confiança no futuro da nova unidade da rede portuguesa: “Tenho certeza que o Vila Galé aqui será um sucesso.”

*Em Ouro Preto, a convite da Vila Galé e TAP

 

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