Bernardo Trindade tomou posse esta quarta-feira como presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) para o triénio 2025-2027. No seu discurso, defendeu a justificação dos investimentos realizados com a taxa turística, a “via verde” para a imigração e a necessidade de criar uma campanha para aumentar a estadia média. Com a missão de expandir «A AHP em todo o país», anunciou que tenciona lançar um projeto-piloto para a nomeação de um elemento residente na região do Porto e Norte.
A cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais da AHP decorreu na manhã de 14 de maio, em Lisboa. Bernardo Trindade foi reeleito presidente da associação hoteleira em Assembleia Geral realizada a 21 de abril.
No seu discurso de tomada de posse, Bernardo Trindade começou por sublinhar o crescimento da AHP nos últimos anos, que atualmente conta com “mais de 940” associados.
Tendo como lema de candidatura «A AHP em todo o país», o responsável destacou a “direção paritária e com sotaque” dos novos órgãos sociais, com elementos “do Minho ao Algarve, passando pela Madeira e agora pelos Açores”, e anunciou o objetivo de, durante o próximo mandato, “lançar um projeto-piloto que passa por termos um elemento residente da AHP no Porto e Norte”.
“Entendemos que temos de ter alguém para cuidar dos nossos associados e ganharmos a confiança de novos associados”, afirmou Bernardo Trindade, acrescentando que a associação cresceu de sete representantes regionais, no anterior mandato, para dez no triénio 2025-2027.
Investimentos realizados com verbas da taxa turística devem ser justificados, defende AHP
Bernardo Trindade sublinhou o facto de o setor ter entregue, em 2024, “o melhor ano turístico de sempre”. Para o presidente da AHP, isto “significa que, independentemente da instabilidade política que possa aparentemente existir, o setor do turismo é resiliente e imune, e entrega tudo isto de Norte a Sul, passando pelas regiões autónomas da Madeira e dos Açores”.
Não obstante, salientou que “ainda existe muito preconceito, muita desinformação e muito ataque ao nosso setor do turismo”, sendo necessário que os próximos anos sejam centrados na aproximação dos residentes.
“Os números estão aqui: 28 mil milhões de receitas, 20 mil milhões de saldo; não há setor na economia portuguesa que contribua tanto. Mas temos de fazer um trabalho de aproximação, sobretudo perceber se as pessoas não estão bem, em resultado da presença de mais gente que carrega sobre a infraestrutura”, disse.
Desta forma, afirmou que a taxa turística “é indiscutivelmente uma marca que pode ser aproveitada para reduzir o gap entre residentes e turistas”. Para tal, a AHP defendeu que “cada investimento num equipamento, num evento ou numa infraestrutura tem de ter um selo a dizer que foi financiado pela taxa turística”, uma vez que “as pessoas têm de perceber a importância deste movimento”.
AHP disponível para formar trabalhadores estrangeiros em hotéis associados
Bernardo Trindade frisou que, do total de cerca de 450 mil a 500 mil pessoas que trabalham no setor do turismo, se tratam de “dois terços de portugueses e um terço de mão-de-obra estrangeira”. Por esta razão, é preciso “crescer a mão-de-obra estrangeira”, mas ter igualmente “a noção de que as pessoas que optaram por fazer vida e carreira em Portugal têm de se adequar à nossa forma de ser”.
Foi nesse sentido que a AHP assinou, no âmbito da Confederação do Turismo de Portugal, a “via verde” para a imigração, de acordo com o presidente da associação. “Concordamos, por princípio, com a celebração de contratos na origem, devidamente validados pelos nossos consulados. Concordamos também com a existência de seguros que, de alguma maneira, assegurem estas pessoas que vêm para Portugal”; disse.
Sublinhou ainda que a associação se mostra disponível para, “em relação com o Turismo de Portugal e o IEFP, administrar formação dentro dos nossos hotéis”.
No entanto, há uma “dúvida” que a AHP não subscreve: “a garantia da habitação”. “Se há regiões onde eventualmente este tema pode ser suprimido, curiosamente é nas nossas quatro principais regiões turísticas – Lisboa, Porto, Algarve e Madeira – em que este compromisso não pode ser assumido, porque é nestas regiões onde o problema da habitação é mais premente”,
Bernardo Trindade referiu ainda que a associação deu “passos importantes” com a assinatura de um acordo tripartido para a valorização dos salários, afirmando que o setor hoteleiro está “após ano a repor poder de compra à força de trabalho” e a “pagar acima da inflação”.
Bernardo Trindade antecipa que Alcochete “já não seja para nós”, por isso é preciso aumentar a estadia média
“A procura está congestionada em Lisboa e desenganem-se aqueles que acham que isto só tem impacto em Lisboa; isto tem impacto em todas as regiões do turismo”, referiu Bernardo Trindade sobre o aeroporto da capital, antecipando que a solução de Alcochete “já não seja para nós”.
Neste contexto, considera essencial avançar “rapidamente” com uma campanha de aumento da estadia média, que atualmente se situa em cerca de 2,51 dias em Portugal.
Segundo as contas do presidente da associação, se a estadia média aumentasse para 3,51 dias, com o mesmo total de 31 milhões de hóspedes registado em 2024, o número de dormidas cresceria de 80 milhões de pernoitas para 115 milhões. Além disto, os proveitos de aposento passariam de 5,5 milhões de euros para 7,14 mil milhões.
Bernardo Trindade apontou ainda “o tema da nossa incapacidade e a refusa permanente de slots no aeroporto de Lisboa”, sendo essencial “encontrar soluções porque as intenções de investimento continuam”.
“A TAP está ligada a nós e, portanto, em aeroportos como o do Porto, o da a Madeira e os dos Açores, com capacidade instalada e uma melhor reorganização de slots, vamos com certeza cumprir o objeto de continuar a realizar pela procura o interesse deste nosso país”, defendeu.
Órgãos sociais da AHP para o triénio 2025/2027
Mesa da Assembleia Geral
Presidente: Vitor Paranhos Pereira (Ritz Four Seasons Lisbon Hotel)
Vice-presidente: Romão Braz (Hotéis Azoris)
Secretários efetivos: João Diniz (Grande Hotel de Luso) e Carla Maximino (Hotel Mundial)
Secretário suplente: José Armando Ferrinha (Sea Porto Hotel) e Felipe França (Hotel Príncipe Lisboa)
Conselho Fiscal
Presidente: Manuel Violas (Hotéis Solverde)
Vice-presidente: Jorge Heleno (Dom Gonçalo Hotel)
Vogais efetivos: João Tomás (Casa das Penhas Douradas), Luís Cruz (MH Hotels)
Vogais suplentes: José Humbria Brazão (Hotel 3HB Faro) e Pedro Silva Pereira (Hotel Miraparque)
Conselho Geral
Presidente: Raul Martins (Altis Hotels)
A lista de conselheiros, 23 no total, integra representantes de grupos e unidades hoteleiras de norte a sul do país e ilhas.
Conselho Diretivo
Além de Bernardo Trindade, presidente, e Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva, o Conselho Diretivo é composto por:
Margarida Almeida (Placid Village – Amazing Evolution); Andreia Pavão (Hotel Canadiano); Alexandre Marto Pereira (Hotel Estrela de Fátima, Lda. – Fatima Hotels); Miguel Proença (Hoti Hotéis); e Frederico Costa (Pestana Hotels & Resorts).
Representantes Regionais da AHP
Grande Lisboa e Península de Setúbal
Alexandre de Almeida (Hotéis Alexandre de Almeida)
Porto e Norte
Frederico Teixeira (Stay Hotels)
Centro – Aveiro, Coimbra e Viseu
Jorge Costa (Montebelo Hotel & SPA)
Centro – Beiras, Serra da Estrela e Beira Baixa
Luís Veiga (H2otel Congress & Medical SPA)
Centro – Leiria, Oeste e Vale do Tejo
Alexandre Marto Pereira (Fatima Hotels)
Alentejo Litoral
Luís Leote (Herdade do Touril)
Alentejo Centro e Interior
Lino Pereira Coelho (Évora Hotel)
Algarve
João Soares (Dom José Beach Hotel)
Madeira
Roberto Santa Clara (Hotéis Savoy)
Açores
Andreia Pavão (Hotel Canadiano)
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