Sou o Pedro Pereira, tenho 20 anos, e sou natural do Barreiro, Setúbal.
Posso afirmar que, desde pequeno, o bar me trazia um certo fascínio, talvez pelo facto de o meu primo ter sido bartender, ou talvez não, e isto seja mesmo algo que já nasceu comigo.
Em 2018, aos 15 anos, entrei na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal. Começava assim o curso de Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas, sem expectativas ou objetivos definidos, algo que veio a mudar durante o primeiro ano. A meio do meu primeiro ano houve uma competição de cocktails na escola e, uma vez que havia falta de participantes, decidi arriscar e inscrever-me. Nesta altura ainda não tinha tido um contacto tão direto com o bar (ainda não tinha tido aulas de bar) e estava a concorrer contra pessoas que já carregavam uma experiência profissional. Comecei por isso a dedicar grande parte do meu tempo a estudar as bases desta área e criei o meu primeiro cocktail, o “Saudade”. A verdade é que o esforço compensou e, contra as expectativas, com apenas 16 anos venci o concurso.
No ano seguinte, propuseram-me que participasse no interescolas de bar, prontamente aceitei. Nas duas semanas que se seguiram, foquei-me no concurso, era a primeira vez que estaria a concorrer a nível nacional e, embora fosse entusiasmante, também acabava por ser um processo exigente de preparação. Aí apercebi-me de que algo me cativava no bar, queria sempre saber mais, não me importava de passar noites a estudar em vez de dormir, talvez aí tenha percebido que já não era só pelo concurso, mas pela paixão em que o bar se tornara para mim.
O dia do concurso chegou e o facto de reconhecer a qualidade e experiência dos meus oponentes deixou-me nervoso. Só me consegui acalmar quando entrei para o bar, parecia que estar lá dentro me tranquilizava. Senti-me bastante recompensado quando foram anunciados os vencedores e, tinha sido o 1º classificado.
Inconscientemente, o bar tinha deixado de ser um passatempo na minha vida e tinha-se tornado a área em que queria progredir e trabalhar. A pandemia surgiu logo em seguida e, pessoalmente, foi uma altura edificante na minha vida, uma vez que dedicava grande parte do meu tempo a leituras importantes para o meu progresso no mundo do bar.
Estava a conseguir desenvolver a teoria, mas e a prática? Nesse mesmo verão, fui convidado para integrar a equipa do Clássico By Olivier e, sem hesitar, aceitei. Não só era uma experiência importante para mim a nível profissional, como também a nível pessoal, uma vez que estaria a viver sozinho na Costa da Caparica.
O ano era 2020 e para assinalar o meu último ano de Formação de Nível IV, decidi participar no concurso mais conceituado de jovens bartenders em Portugal, O Jovem Talento. Fiquei em segundo lugar na competição, algo que de certa maneira me fez assentar os pés no chão e me motivou para continuar a aprender (também com as minhas falhas) e a melhorar a cada dia.
Já em 2021, após o meu estágio no Rocco e ingressar no Nível V de Gestão e Restauração de Bebidas, senti que seria a altura ideal para me candidatar ao Jovem Talento da Gastronomia 2022. Este concurso não era apenas mais um desfio, mas o fim de um ciclo de aprendizagem na EHTS. Não me aplicar não era uma opção e, após várias experiências nasceu o Roots of Setúbal, que me acompanhou nesta vitória.
A vida é, à semelhança do bar, uma aprendizagem contínua que nos pode surpreender e mudar os nossos planos. O bar ensinou-me que existe uma diversidade de sabores que devem ser explorados e que nada é impossível.