In Your Shoes

Como shoeahoolic assumida, já calcei todo o tipo de sapatos. Do stiletto às crocs, do chinelo às botas de biqueira de aço, dos ténis aos mocassins, enfim um pouco de tudo…

Tânia Pinto Correia

Como shoeahoolic assumida, já calcei todo o tipo de sapatos. Do stiletto às crocs, do chinelo às botas de biqueira de aço, dos ténis aos mocassins, enfim um pouco de tudo… e fui assim experimentando vários estados de espírito, nos pés e na vida. Com maior ou menor conforto, mais dor menos dor, com mais leveza ou mais peso, são estas vivências que nos permitem saber o que se sente quando se calça cada tipo de sapato.

O mesmo se pode dizer quando calçamos os sapatos do outro. Ou nos colocamos no lugar do outro.
Quando percebemos ou sentimos a sua dor, quando aquele não é o nosso tamanho e temos de nos encolher e apertar para termos a noção daquela dor.

Quando percebemos ou sentimos a sua leveza e nos temos de engrandecer para acompanhar aquela sensação de liberdade.
Quando crescemos porque vemos alguém crescer e já não cabe naqueles sapatos!

A esta altura já está o leitor a perguntar-se o que é que isto tem a ver? Tem tudo: no trabalho e na vida! Chama-se Empatia.

Algo tão em voga no mundo atual, de que muitos falam, mas que poucos praticam verdadeiramente.

“De verdade”, com o coração, com entrega, pelo simples ato de ajudar alguém sem querer nada em troca. É desta generosidade que são feitos aqueles que trabalham com pessoas e para as pessoas. Que na verdade somos todos. Porque as empresas são as suas pessoas, que trabalham para outras pessoas, as que compram os seus produtos ou serviços. Estas são os clientes, aqueles que têm (quase sempre ou quase nunca) razão, aqueles que cuidamos e “levamos ao colo”. E não é só na Hotelaria, em que cuidar e servir o cliente, e acima de tudo surpreendê-lo, é o nosso nome do meio, e por isso, o nosso ADN.

Mas, e quem cuida de nós? Se tivermos os sapatos apertados (acreditem, é o pior que há!) não vamos cuidar dos clientes como devemos. É aqui que entra o profissional de RH, o líder da equipa, o colega, enfim, na verdade todos o podemos e devemos fazer, top-down/bottom-up, pois a Empatia também é Cuidar. É ouvir, é falar, é compreender, é sentir o que o outro sente, é ajudar a encarar, a ultrapassar, a ganhar coragem, a lutar, é olhar nos olhos e mostrar-lhe que não está só. Dito assim, parece fácil. E é. Se for genuíno.

A Empatia deveria ser requisito obrigatório para admissão nas organizações, até porque em certos casos “só se vê bem com o coração” (Saint Exupéry).

Tânia Pinto Correia

Head of Human Resources

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