E você, imagina-se a viver numa sociedade sem comunicação social?

Se para alguns negócios a pandemia significou o encerramento de portas, fechos temporários e uma paragem na sua atividade e na relação com os seus clientes, no setor da comunicação social, o momento da pandemia desencadeou uma nova era pautada pelo crescimento da produção e do consumo de informação dos meios.

Carina Monteiro

Se para alguns negócios a pandemia significou o encerramento de portas, fechos temporários e uma paragem na sua atividade e na relação com os seus clientes, no setor da comunicação social, o momento da pandemia desencadeou uma nova era pautada pelo crescimento da produção e do consumo de informação dos meios. 

As razões são simples: disponibilidade e desejo. Os leitores tinham mais tempo para ler/ver notícias, e apetência, leia-se vontade, para o fazer. Nunca, como antes, os meios de comunicação (tv’s, jornais, rádios) tiveram níveis de audiência como durante a pandemia. Os meios que, acertadamente, seguiram a estratégia de manter equipas conseguiram produzir conteúdos relevantes para os seus leitores e conseguiram fidelizar os que já eram leitores e os que, por força da pandemia, se tornaram leitores. Infelizmente, maiores níveis de audiência não se traduziram, para muitos dos meios de comunicação, em crescimento de publicidade (principal fonte de subsistência). E as razões voltam a ser simples de enumerar: i) as empresas desinvestem em publicidade nos meios de comunicação em tempos de crise, em virtude do corte de custos ii) muitas empresas, por causa da paragem forçada da sua atividade durante a pandemia, julgam não ter nada para comunicar ou não ser o momento oportuno para o fazer. Este último argumento não podia estar mais errado. As marcas nunca devem parar de comunicar com o mercado, seja com os seus clientes, seja com os parceiros de negócio e ou fornecedores, mesmo em tempos de crise, e mesmo que a sua atividade esteja parada. Se o fizerem, permanecem no top of mind dos clientes, parceiros e fornecedores até à retoma da atividade, no fundo, tornam-se presentes. Havia muitas formas das empresas manterem a comunicação ativa das suas marcas durante a pandemia, com artigos de opinião ou entrevistas aos meios generalistas e especializados, sobre temáticas como a preparação da retoma, gestão de equipas, ações/programas solidários e também podiam tê-lo feito com campanhas publicitárias criativas que, no caso dos hotéis, podiam ser claims acompanhados de imagens também elas criativas como:  “As nossas camas já estão com saudades dos nossos clientes”;  “Estamos a contar os dias para vos recebermos novamente”;  “Enquanto não vos recebemos novamente, estamos a aprimorar os nossos pequenos-almoços” .

Felizmente, algumas marcas de turismo entenderam a importância de comunicar, mesmo em crise, para o consumidor final e para os parceiros através dos meios de informação. Mas os níveis de investimento em publicidade, em meios de informação, no caso do turismo, continua a ser baixo relativamente a outros canais de promoção como os influencers, youtubers ou bloggers. Poderíamos pensar que isto acontece porque as marcas reconhecem mais valor a estes canais do que aos meios de informação (!) Não me parece, porque, se assim fosse, as empresas/marcas não enviariam aos meios de comunicação - ditos tradicionais -, os seus comunicados de imprensa, com o objetivo de serem publicados. Ou seja, se as marcas não reconhecessem valor aos meios de informação, pura e simplesmente deixariam de comunicar, propor entrevistas, artigos ou fazer convites para cobertura de eventos. Então a resposta não está no reconhecimento dos canais, está na perceção do investimento. Será que as marcas dão como garantidos os meios de informação e os seus conteúdos publicados? Não sei a resposta. Sei que é uma análise em que todos devemos refletir porque, será que gostaríamos de viver numa sociedade sem comunicação social?