Durante anos vendemos luxo aos hóspedes como se fosse um espetáculo de pirotecnia: lobbies com lustres de cinco metros, mármores importados, amenities em embalagens douradas que ninguém usava. E, sejamos honestos, funcionou… durante um tempo.
Mas o hóspede de hoje já não se deixa enganar pelo brilho. Ele não quer sentir-se (só) num palco da Broadway, quer sentir-se em casa — numa versão melhorada, claro. O novo luxo é silencioso, intencional.
Está na cama que o faz dormir melhor do que em casa. No corredor que respira calma em vez de ecoar mala com rodinhas. No prato que não só serve comida, mas conta uma história. E no quão verdadeiro se vive o wellness que se promove, manifestado no estado de espírito dos colaboradores.
E sim, aqui entram os candeeiros, as peças de arte, mas também e essencialmente a loiça e a porcelana. Quem acha que são apenas “pratos bonitos” está a perder metade do jogo. A mesa é o coração da hospitalidade, e bons cafés e restaurantes instagramáveis já entenderam isso há muito tempo. Um prato bem escolhido não é detalhe: é narrativa. É design que se toca. É sustentabilidade que se sente. É a prova de que o hotel pensou em tudo, até no que o hóspede segura na mão enquanto prova o petit-déjeuner.
O novo luxo: tempo bem vivido
Mais do que objetos, o luxo de hoje chama-se tempo. Tempo de qualidade, sem pressas. O hóspede contemporâneo não quer só um check-in eficiente, quer um intervalo de vida que faça sentido. Quer espaços que inspirem a respirar fundo, experiências que o façam aprender, refeições que mereçam ser lembradas. Quer uma estadia que não seja um parêntesis, mas um ponto de exclamação.
E aqui entra a chamada hotelaria criativa: aquela que é viva, que cuida, que envolve colaboradores e hóspedes numa mesma vibração. Não se trata apenas de decoração bonita, mas de ambientes que realmente se vivem — nos detalhes da mesa, na programação de actividades, no sorriso genuíno de quem serve. Hospedar, afinal, é muito mais do que abrir portas: é ensinar outro estilo de vida.
E nós, profissionais?
Se tudo isto soa exigente, é porque é mesmo. Já não basta ter um hotel bonito ou um restaurante bem montado. O hóspede de hoje é curioso, inquieto, selectivo. Para corresponder, precisamos de mais do que bom gosto: precisamos de formação, sensibilidade e pensamento crítico. Precisamos de compreender o design como ferramenta estratégica, e não apenas como um investimento de decoração.
É exatamente por isso que a th2 lançou a formação de Interiorismo & Design em Hotelaria. Não é uma lista de tendências passageiras. É um mergulho profundo em como desenhar experiências que ficam, espaços que cuidam, e mesas que contam histórias (sim, até através da porcelana certa). É a representação do que é a hospitalidade expressa na decoração.
O futuro da hotelaria não vai premiar quem tiver mais brilho, mas quem souber melhor manifestar essa intencionalidade. Quem souber que um prato que mais que o logotipo da marca de cafés ou da coca-cola fala tão alto quanto uma suite bem desenhada. Quem entender que o verdadeiro luxo é simples, pensado, duradouro.
Porque no fim, sejamos francos: o hóspede pode até não se lembrar do nome do hotel. Mas vai lembrar-se de como se sentiu. E essa, caros colegas, é a hospitalidade que perdura.