O Capital Humano no Turismo – semear para colher!

Uma das questões atuais e de maior pressão que tem gerado junto das empresas do turismo é a falta de recursos humanos, identificado ainda antes da pandemia, mas que a situação se agudizou nos últimos tempos.

António Silva

Com mais de três décadas de carreira profissional ligadas ao turismo, na hotelaria em vários grupos hoteleiros nacionais e internacionais, na abertura de um campo de golfe e nos últimos anos nas operações turísticas como agente de viagens, foi desde muito cedo que abracei e apaixonei-me por esta indústria da hospitalidade a qual surgiu naturalmente pela minha forma de ser e de estar com uma enorme paixão pelo contacto com as pessoas, pela alegria de as acolher e o gosto pelas relações-públicas e humanas. Daí aquando do convite da REDE-T para escrever algumas linhas sobre um tema ligado ao Turismo, e tendo liderado várias equipas ao longo da minha carreira profissional, não podia de deixar de abordar este tema até numa homenagem a todas as pessoas que comigo trabalharam.

Uma das questões atuais e de maior pressão que tem gerado junto das empresas do turismo é a falta de recursos humanos, identificado ainda antes da pandemia, mas que a situação se agudizou nos últimos tempos. Temos vindo a assistir ao mesmo tempo, já mesmo muito antes da pandemia, a uma democratização geral das viagens de lazer e até de alguma massificação de alguns mercados geradores de turismo para Portugal. Cada vez mais deparamos-mos com um turista e viajante mais conhecedor e culturalmente mais exigente, temos assim a necessidade de anteciparmos aos desejos dos clientes, de o conhecermos a nível das suas preferências e hábitos, de forma a exceder as suas expectativas, para além da prestação de um serviço e acolhimento de excelência.

Cabe a nós os profissionais do turismo desempenhar e proporcionar esse serviço e atendimento, mas para isso é fundamental que as empresas possuam recursos humanos qualificados com competências técnicas entre outras aptidões na forma do acolhimento e simpatia, atenção ao detalhe e na disponibilidade ao cliente. Neste contexto é essencial prestar atenção e investir no capital humano uma vez que os colaboradores de uma empresa são um valor fulcral no desenvolvimento empresarial e na diferenciação da qualidade com o foco na excelência.

É por isso de uma enorme importância as empresas implementarem programas de recursos humanos com instrumentos e métodos de gestão com vista á captação de novos colaboradores, no investimento e na retenção dos seus talentos.  Para isso é também necessário que as empresas se comprometam com uma cultura empresarial forte assente no compromisso de uma estratégia que comtemple vários processos; desde logo o  planeamento do recrutamento, o acolhimento e a integração na empresa, a valorização e a monotorização das carreiras profissionais,  a formação interna e externa na aquisição de aptidões e competências especificas nas funções dos seus colaboradores, na compensação da meritocracia através de processos de avaliação de desempenho ligado a bónus, na maior flexibilidade de horários de trabalho e na gestão dos tempos de trabalho, na oferta de um pacote de vantagens empresariais e sociais, na diferenciação das remunerações em função dos resultados e produtividade de cada colaborador.

As empresas têm, portanto, um papel fundamental no reconhecimento dos seus recursos humanos, de inspirar e conquistar novos quadros para o Turismo, e tornar esta indústria apetecível e encantadora aos novos talentos com o romantismo e a beleza de servir e oferecer o melhor de nós e do nosso país. Sabemos, pois, que este é um caminho exigente e de grande esforço conjunto das empresas e colaboradores, e seria importante e de elementar justiça que o Estado Português tomasse parte desse esforço, reduzindo nomeadamente os impostos a nível da TSU e do IRS.

O mundo continua mudando em nosso redor, todos os dias! É minha convicção que é preciso olhar em frente, compreender as tendências e as forças que moldam o nosso mundo e o turismo. É imperativo preparar o amanhã, hoje e possuir uma visão a médio e longo prazo, acreditando que seja qual for o nível de desempenho que alcançamos hoje, amanhã devemos ultrapassá-lo. Antecipar situações, interpretar e gerir as mudanças com naturalidade e resiliência, possuir muito bom senso na arte de liderar e trabalhar em equipa; são chaves para o sucesso na diferenciação no caminho da excelência. Estou confiante de que se todos nós nos envolvermos e semearmos, vamos certamente colher, trazendo e retendo mais capital humano no turismo e assim suprimindo cada vez mais as necessidades de recursos humanos que temos para que possamos continuar a entregar um serviço de excelência a todos os que nos visitam. 

António Silva 
Diretor Comercial | Travel One Portugal