Estranhos tempos

Estranhos tempos estes, em que voltamos a ter tempo, em que o tempo que passava tão rápido, passou a pedir autorização para passar.

Raúl Ribeiro Ferreira

Estranhos tempos estes, em que voltamos a ter tempo, em que o tempo que passava tão rápido, passou a pedir autorização para passar.

Á poucas semanas o tempo não chegava, todos nós estávamos impregnados no trabalho, discutindo sobre os dados da Organização Mundial de Turismo, que afirmava que até 2030, que o crescimento seria interrupto, que nos próximos meses iriamos debater-nos com uma escassez de mão de obra nunca vista, ou que os aviões, não poderiam continuar a aumentar, porque o aeroporto estava esgotado.

Vindo da China, sem que nós dessemos por isso, ou que medíssemos o grau de gravidade, fomos surpreendidos por uma pandemia que para além do grave efeito na saúde, terá um efeito que ainda não é calculável na economia.

Sabemos que há várias projeções feitas por economistas, que dizem que as implicações tanto na economia e em particular no turismo, serão consideradas como severas.

Segundo os mesmos, o caso mais semelhante ao que vivemos agora, quer a nível sanitário, quer a nível das consequências económicas que se advêm foi a crise mundial, vulgarmente conhecida por (pneumónica) ou (gripe espanhola), entre 1918 e 1919, que infetou um terço da população mundial e que vitimou 5% da mesma, originando de seguida uma receção económica profunda, mas que com uma duração de apenas sete meses.

A situação atual, tem perfis semelhantes à de então, o que nos leva a acreditar que após o fim da epidemia, a economia e em particular o nosso setor, possa num prazo curto fazer esse trajeto.

Não podia deixar de falar na importância que os Diretores de Hotel têm nesta situação. São eles que numa altura de mar revolto, em que os Administradores/Donos, estão concentrados em arranjar formas económicas de segurar as suas empresas, os Diretores deverão manter-se ao leme, transmitindo o apoio técnico, a confiança, a serenidade e a competência, que tanto os funcionários, como as administrações precisam.

Todos sabemos que os Diretores, são mulheres e homens iguais a todos os outros, que tendo família, é natural que o receio de poder apanhar a doença, também esteja presente, no entanto a época que vivemos, não se coaduna que todos nós não digamos presente quando chamados a defender a nossa unidade, a nossa equipa.

Com o tempo que não passa, com a normalidade que tarda em voltar, é importante que aproveitemos o tempo que o tempo nos dá, para pensarmos, estudarmos para ganharmos novos conhecimentos para quando a normalidade regressar.

Raúl Ribeiro Ferreira

Presidente da Direcção da ADHP