Postado em quarta-feira, 25 de junho de 2025 09:58

Aberta desde 2023, a Your Boutique Agency é uma agência de viagens que se foca nos segmentos de MICE e high-end e nos programas feitos à medida. Em entrevista ao TNews, Maria Seabra e Sandra Costa revelaram que para chegar a estes segmentos participam em feiras internacionais e fazem trabalho de promoção “porta a porta”. Após excederem todas as expectativas em 2024, as fundadoras salientaram que o seu objetivo em 2025 é solidificar a presença em Portugal e angariar mais mercado.

Ao longo da entrevista, Maria Seabra e Sandra Costa falam mais detalhadamente sobre a agência e a sua evolução até ao momento.

Como é que surgiu a Your Boutique Agency e como descreve a sua evolução até ao momento?

Maria Seabra (MS): Eu e a Sandra abrimos a Your Boutique Agency em 2023. Já tínhamos trabalhado juntas no setor e tínhamos alguma experiência sobretudo no mercado de incentivos e eventos. Depois da pandemia, percebemos que fazia sentido abrir uma atividade e foi aí que surgiu a Your Boutique Agency.

Sandra Costa (SC): Tínhamos esta paixão pelos incentivos, pelos eventos corporativos e também por divulgar Portugal. Depois da pandemia, achámos que era a hora de realmente ter um projeto nosso, algo que também fosse mais atual e contemporâneo, aberto às tendências do setor e ao mundo à nossa volta. Todos os nossos programas são feitos à medida e daí também o nosso posicionamento. Queremos ser algo Boutique – não estamos a falar de números, mas sim de pessoas. Primeiro, ouvimos o cliente e depois sugerimos um programa personalizado – queremos tornar estas experiências em algo memorável e inesquecível.

Quantas pessoas trabalham na agência?

MS: Nós somos duas fixas e, quando temos picos de trabalho, contratamos freelancers para nos ajudar.

A agência está sediada onde?

MS: A agência tem sede em Lisboa, mas nós deslocamo-nos facilmente pelo país e estamos sempre muito atentas àquilo que se está a passar. Temos reparado, contudo, que existe uma maior procura pelo interior do país. Cidades como Lisboa e Porto deixaram de estar no radar dos viajantes que procuram novas experiências e novos hotéis fora das grandes cidades.

SC: Trabalhamos, de um modo geral, com agências internacionais, ou seja, são essas agências que nos trazem clientes tanto a nível de lazer, como corporativo. E, normalmente, o segmento corporativo está mais associado às grandes cidades, por causa dos aeroportos e porque são viagens curtas de três/quatro noites.

MS: O segmento de lazer procura sobretudo outros destinos dentro do país, nomeadamente o Douro, o Alto e o Baixo Alentejo.

Em que segmentos atuam?

SC: Em Portugal, só trabalhamos com clientes corporativos e, a nível internacional, fazemos muito recetivos. Há um trabalho por detrás disto: estamos presentes em feiras internacionais do setor, como a IMEX e a IBTM, e também temos alguns representantes nesses países, como por exemplo na Alemanha. Além disso, fazemos trabalho porta a porta – visitamos agências e fazemos o tal trabalho de promoção.

MS: Gosto mais do termo high-end em vez de lazer, por ser um mercado com mais poder de compra. Somos uma agência boutique, não temos sequer capacidade para o lazer massificado e nem queremos.

Quais são os destinos mais procurados no segmento de lazer?

MS: O Porto e o Douro estão completamente em alta – até mais que Lisboa. Depois, noto uma grande curiosidade em conhecer o interior do país. Estão a surgir, cada vez mais, hotéis boutique no interior, nomeadamente no Alto e Baixo Alentejo, que estão a apostar numa série de produtos exclusivos. Há também uma grande procura pelos Açores e pela Madeira. Portanto, acho que Portugal já não é só Lisboa, Porto e Algarve. Creio que há uma grande curiosidade, sobretudo das Américas, de conhecer as ilhas e não só.

SC: Mesmo no continente, o Algarve está a ser muito procurado pelo segmento corporativo – graças também à abertura de novas rotas aéreas. Neste momento, há um grande interesse pelos Açores, porque muitas vezes, nos incentivos, procuram-se destinos em que o cliente não vai individualmente.

“Creio que os viajantes procuram cada vez mais experiências autênticas e desafios que os façam sair da sua zona de conforto”

Que eventos estão a planear para 2026?

SC: Temos um planeado para o Porto através de uma seguradora alemã, um pouco antes do São João. Este evento acolherá cerca de 100 pessoas e juntará os melhores hotéis da região. A partir disto, queremos mostrar a alma portuguesa: teremos um arraial de São João, junto ao rio Douro, em que os participantes chegarão num barco rabelo. Depois, teremos uma decoração alusiva ao São João, grelhados, jogos, música portuguesa e uma tuna académica. Além disso, vamos realizar um tour e fazer várias paragens pelos pontos turísticos da cidade. No Douro, os participantes terão de cozinhar algumas iguarias portuguesas e fazer um workshop de Vinho do Porto. No fundo, queremos dar a conhecer um bocadinho mais do Porto e do Douro através de experiências.

MS: Creio que os viajantes procuram cada vez mais experiências autênticas e desafios que os façam sair da sua zona de conforto. E acho que é algo transversal. As pessoas mais velhas não gostam de ‘estar arrumadas’, são muito mais ativas e gostam de mergulhar na cultura do país que visitam.

SC: Exatamente, procuram experiências autênticas em destinos pouco massificados. Já não se focam tanto nas grandes cidades. Os nossos clientes, por exemplo, começam no Porto e percorrem o Douro, o Minho e Trás-os-Montes. E isto é interessante porque hoje em dia, com a internet, os clientes fazem o pré-trabalho e procuram destinos diferentes, fora dos circuitos regulares.

Sentem que a vossa profissão pode estar em risco devido à inteligência artificial ou será um complemento?

MS: Tem que ser um complemento. Não nos podemos assustar, temos de apresentar propostas verdadeiras e fazíveis. O ChatGPT diz sempre os mesmos pontos turísticos, ou seja, duas ou mais pessoas que não se conhecem vão acabar por fazer o mesmo percurso. Um programa feito por um agente de viagens tem sempre um cunho pessoal – algo que nos diferencia da IA.

SC: Nós fazemos um programa à medida, mas depois acompanhamos sempre o cliente. Se existir algum contratempo na viagem, nós estamos lá para encontrar uma solução – e isto não acontece com a IA. Creio que somos uma mais valia, mesmo que haja um imprevisto, nós estamos lá para resolver.

Como é que um cliente pode chegar até vós?

MS: Além das parcerias, temos as nossas redes sociais. Contudo, notamos que o LinkedIn é a ferramenta que nos dá mais visibilidade, sobretudo nos mercados que queremos alcançar. Através do LinkedIn, conseguimos novos contactos e, a partir daí, tentamos marcar uma chamada para nos apresentarmos e falarmos um pouco mais da agência. Temos ainda contactos com as regiões de turismo. A do Porto, por sua vez, é a mais ativa a nível de associativismo. Eles têm uma dinâmica que eu não vejo nas outras regiões de turismo e é dessa dinâmica que nós queremos fazer parte.

Que balanço fazem destes primeiros anos de atividade?

MS: 2024 excedeu as nossas expectativas. Este ano também está a correr bem e estamos com ótimas perspetivas. Já realizámos alguns eventos e temos outros em agenda. Para o próximo ano, temos, em cima da mesa, grandes projetos no Porto, nos Açores e no Algarve. Na verdade, estamos a planear vários projetos por Portugal inteiro, porque nós queremos dar a conhecer o norte, o sul e as ilhas.

Quais são as vossas perspetivas para 2025?

MS: Em 2025, queremos solidificar a nossa presença e angariar mais mercado.

SC: Sim, e também queremos continuar a divulgar a marca tanto a nível nacional, como internacional. O objetivo é que os nossos parceiros e clientes associem-nos ao nome da agência.

MS: Procuramos manter os nossos clientes e continuar a apostar nos segmentos de MICE e high-end. Estamos a apostar nas Américas, porque na Europa já estamos presentes e estamos a ver se fazemos alguma coisa com a Índia, porque é um mercado em crescimento e cheio de potencial. No fundo, queremos apostar nos mercados que podem dar frutos a longo prazo.

 

by TNEWS